Apesar de parecer predominantemente masculino, o mundo da engenharia ambiental conta com um número cada vez maior de lideranças femininas. No Mato Grosso do Sul não é diferente. Por aqui, a Ambiental MS Pantanal (AMSP) – empresa criada a partir da Parceria Público-Privada (PPP) entre a Sanesul e o Grupo Aegea – é um exemplo dessa mudança.
Hoje, o MS é apontado como uma referência nacional no saneamento, por ter se antecipado ao Marco Legal que, em 2020, abriu caminho para que a iniciativa privada se unisse ao governo do estado na empreitada de universalizar o saneamento básico dentro dos próximos dez anos.
O cumprimento da meta deve beneficiar aproximadamente 1,7 milhão de sul-mato-grossenses e trazer mais condições de saúde aos moradores. É sabido, por exemplo, que além de afetar a população como um todo, a falta de saneamento compromete a saúde física e mental da mulher, mina sua produtividade, dificulta o acesso à educação e, consequentemente, contribui para a desigualdade de gênero.
De acordo com pesquisa realizada pela Instituto Trata Brasil, no país, uma em cada quatro mulheres não tem acesso adequado aos serviços de saneamento básico.
No MS, o caminho até a universalização conta com a participação de mulheres que lideram grandes grupos de homens que – juntos – ajudarão a alcançar a tão sonhada meta de universalização do saneamento, contribuindo para um ambiente menos desigual.
Em entrevista, um grupo de quatro jovens mulheres que ocupam cargos de liderança na MS Pantanal contam como foram suas trajetórias até chegarem onde chegaram, falam das mudanças que observaram pelo caminho, e compartilham suas perspectivas sobre como o olhar feminino pode contribuir para um ambiente de trabalho mais humano e colaborativo.
Zaida Siufi Pereira. Natural de Uberaba (MG), Zaida, 31, é coordenadora de Meio Ambiente na AMSP. Engenheira ambiental, ela conta que tem como inspiração sua mãe, dentista, que a incentivou na escolha da profissão. Quando Zaida tinha apenas 7 anos, perdeu o pai e teve que ajudar a mãe a cuidar da casa e dos dois irmãos.
Desde que começou a trabalhar no ramo do saneamento, Zaida viu “muita coisa mudar” no que diz respeito à representatividade feminina no mercado de trabalho. Ela conta que, no começo, era a única mulher em um grupo de homens que monitoravam a rede de esgoto em Cuiabá (MT) e que, de lá pra cá, o quadro mudou substancialmente, com a contratação de várias mulheres para cargos estratégicos até então ocupados por homens.
“Confesso que me sentia privilegiada ao me ver como a única mulher no grupo… sentia meu trabalho reconhecido”, diz. “No entanto, comecei a refletir sobre o que isso realmente, significava: falta de representatividade feminina no mercado de trabalho”, pondera. “Fico feliz em ver que as coisas estão mudando”.
Zaida diz ainda que, ao longo de sua trajetória profissional, conheceu mulheres que a inspiraram e incentivavam na empresa. “Somos poucas, mas somos fortes e unidas… o caminho para um mundo mais igual é a união e o compartilhamento de experiências que sirvam de inspiração para outras mulheres”.
Para Zaida, mãe de uma menina de 3 anos, o olhar feminino tem muito a contribuir no ambiente de trabalho. “Eu, que sou mãe, quero o melhor para a minha filha”, diz. “Nós, mulheres, temos esse olhar mais cuidadoso… e quando a gente fala em saneamento, a gente fala em melhorar a qualidade de vida das pessoas; é isso que eu quero para minha filha”, completa.
Letícia Yule. Natural de Campinas (SP), a coordenadora do polo de Corumbá da MS Pantanal, Letícia Yule, 32, lidera cerca de 50 colaboradores homens, em diversos municípios da região.
Formada em Engenharia Civil, ela conta que escolheu a profissão por preferir as ciências exatas, e que não se preocupou com a percepção de que o curso era frequentado predominantemente por homens.
Assim como Zaida, Letícia tem a mãe como exemplo de inspiração. Ela conta que, com o divórcio dos pais, quando ainda era pequena, passou por momentos difíceis com a mãe que, além de estudar e trabalhar, cuidava de Letícia praticamente sozinha. “Minha mãe é minha inspiração. A vi trabalhar de manhã, de tarde e à noite, estudar e cuidar de mim, com ajuda de familiares”, conta.
Letícia diz ainda que, ao longo de sua trajetória profissional, viu-se em momentos em que precisou ser “mais firme”, principalmente quando assumiu cargos de chefia. “Às vezes, quando chego em um lugar novo, percebo que há alguma resistência por parte do colaborador que nunca teve uma chefe mulher…. mas é uma questão de tempo até que certa barreira seja rompida e eles vejam que o fato de eu ser uma mulher é apenas um detalhe”, diz.
Para Letícia, seu olhar feminino ajuda muito no relacionamento com os colaboradores. “Eu acho que o olhar feminino acrescenta no detalhe; mais sutil e humano ao abordar o colaborador”, diz. “Nós, mulheres, muitas vezes sabemos ouvir o colega, que se sente mais confortável para se abrir, caso esteja passando por uma situação difícil em casa, por exemplo”. “Somos uma empresa, mas também somos humanos… às vezes não vou poder ajudar, mas vou poder ouvir”, acrescenta.
Daniela Gutierres. Formada em Engenharia Sanitária Ambiental, Daniela é responsável pelo controle de qualidade dos serviços de tratamento e laboratório da MS Pantanal, nos 68 municípios onde a PPP atua no Mato Grosso do Sul.
Entre suas funções, ela é responsável pela performance das estações de tratamento de esgoto (ETEs) e as avaliações laboratoriais do interior do estado, além dos índices de qualidade, apoiando a operação.
Com apenas 18 anos, Daniela iniciou sua carreira no Grupo Aegea como estagiária no Centro de Controle de Operações (CCO) da concessionária Águas Guariroba, em Campo Grande. Ela conta que, à época, a representatividade feminina era pouco expressiva no setor, mas que a situação foi mudando gradualmente, com a contratação de novas líderes femininas.
Tal qual Zaida e Letícia, sua mãe é seu maior exemplo de inspiração feminina. “Minha mãe criou – praticamente sozinha – a mim e a minha irmã… Ela nunca mediu esforços no trabalho, nunca reclamava e estava sempre com um sorriso no rosto”, conta. “Por ela nunca ter desistido, ela é a minha inspiração de vida”, acrescenta.
Para Daniela, o olhar feminino nas relações com os colegas faz toda a diferença. “Temos delicadeza na comunicação, e os resultados disso são perceptíveis”, diz a engenheira.
Fernanda Jara. Supervisora do polo de Três Lagoas da MS Pantanal, Fernanda, 27, também está entre as mais jovens líderes da companhia, liderando um grupo de cerca de 24 homens, em três municípios da região.
Formada em Engenharia Civil, a campo-grandense conta que o fato de o curso ser predominantemente masculino não a intimidou, e que ela contou com todo o apoio de sua família na escolha da profissão.
Até chegar a seu posto de liderança, passou, no entanto, por situações de discriminação por ser mulher, quando trabalhava como empreiteira em uma empresa da capital. “Trabalhei em uma empresa em que eu era a única mulher, e estava começando a minha carreira. Sofri certa resistência por parte dos colegas na hora de impor minha autoridade, mas, hoje, onde estou, não vejo mais esse problema… há respeito entre os colegas”, diz.
Para Fernanda, que está há cerca de um ano na MS Pantanal, um dos melhores momentos de sua carreira foi quando ela teve a oportunidade de ser supervisora do polo de Três Lagoas. “Me senti super realizada”, diz. “Aqui existem boas perspectivas de crescimento para nós, mulheres… A gente vê acontecer”, conclui.
Assessoria de Imprensa, Aegea MS Pantanal